Você tem aversão a risco?

Você tem R$ 1 milhão investidos em um fundo de renda fixa e um amigo seu dá uma dica de outro investimento que pode dobrar o seu património em pouco tempo. Entretanto, ele também alerta que a operação tem um grau de risco elevado e que isso pode te levar a uma perda significativa. O que você decide? Topa? Declina? Se a sua decisão é declinar, não fique preocupado, você não está sozinho, esta é uma questão muito difícil para a maioria das pessoas que, de modo geral, acaba rejeitando a oferta.

Segundo Daniel Khaneman, psicólogo e ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 2002, isto ocorre porque “o sofrimento de perda é maior do que o prazer do ganho”. Esse princípio é particularmente importante na tomada de decisões financeiras, onde a aversão à perda pode levar a comportamentos conservadores e à manutenção de investimentos ruins. Em outras palavras, o indivíduo é propenso ao risco no campo das perdas, mas avesso ao risco no campo dos ganhos. Ou seja: se o indivíduo já está perdendo, ele está disposto a correr mais riscos para recuperar o seu capital. No entanto, se ele estiver ganhando, ele irá vender logo o ativo para assegurar o seu ganho.

Da mesma forma, uma instituição financeira pode ter aversão a risco uma vez que está envolvida na gestão de recursos e na concessão de crédito. A aversão ao risco é crucial para garantir a estabilidade financeira da instituição, evitar perdas significativas e manter a confiança dos clientes e investidores. Elas utilizam análises de risco, modelos estatísticos e práticas de gerenciamento para minimizar exposições desnecessárias a situações incertas.

Um aspecto importante a ser considerado é que uma instituição financeira pode ter aversão a risco por decisão corporativa ou porque os responsáveis pela gestão dos recursos possuem esta característica.

As pessoas muitas vezes evitam o risco devido a uma combinação de aversão a perda, medo do desconhecido e preferência pela estabilidade. O instinto de proteger recursos e garantir a segurança pessoal geralmente influencia a aversão ao risco.

Como executivo de uma instituição financeira e responsável pela gestão de risco, tive a oportunidade de vivenciar uma experiência neste tema: em um determinado ano as perdas de crédito foram significativas, porém o resultado (lucro líquido) foi o maior de toda sua história! – os níveis superiores da organização não pouparam críticas à minha gestão! O conceito de quanto maior o risco, maior a recompensa, foi totalmente desprezado!

Resumindo, a perda sempre terá um peso mais significativo do que o ganho, por se tratar de um aspecto que envolve a economia comportamental e a tomada de decisão por parte dos elementos envolvidos.

Até a próxima!

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