Poucas coisas na vida se comparam a satisfação de apresentar o mundo para uma criança. Pouquíssimas. Crianças são naturalmente alegres e empolgadas em descobrir o novo.
Todos os dias novas descobertas e uma mais excitante que a outra.
Quem tem crianças por perto sabe o quanto isso contagia. A gente quer viver novamente o velho pelo prazer de nelas despertar as emoções. O mais interessante é que, ao lado delas, o velho não é velho, é o velho-novo, porque como experiência, o velho na companhia delas, passa a ser novo. Isto é saudável, isto é viver.
Ao pesquisar, refletir, testemunhar e fazer parte do desenvolvimento da inovação financeira no Brasil, sob certa medida, me faz voltar a ser criança. A empolgação e o otimismo tomam conta e a vontade é de avançar logo no tempo só para ver como as coisas vão ficar.
Já testemunhamos a chegada do PIX e seu impacto magnífico na praticidade, confiabilidade e inclusão financeira. Seguimos na torcida para que as iniciativas do Open Finance produzam benefícios em larga escala e estamos acompanhando de camarote o desenvolvimento do DREX. São as três inovações mais faladas do momento e que, sozinhas ou combinadas, tem ainda muita transformação para nos entregar.
Por outro lado, longe dos holofotes está uma tecnologia que foi já manchete de jornal, já proporcionou a mudança de hábitos de muita gente e vai mudar ainda muito mais, a saber: o NFC. O Near Field Communication serve para transmissão de dados sem fio entre dispositivos próximos. É por causa desta tecnologia que conseguimos fazer pagamentos por aproximação nas maquininhas de cartão usando celulares ou outros dispositivos como pulseiras e smartwatches. Até aqui, nada de novo, afinal de contas, a tecnologia está completando 20 anos.
Do ano passado pra cá, porém, a tecnologia permitiu a transformação de celulares em maquininhas de cartão, facilitando a cobrança e o recebimento de vendas por parte dos empreendedores. Basta o cliente aproximar seu cartão de crédito no celular do vendedor e está feita a transação.
A solução é chamada de Tap on Phone (ou Tap to Pay no caso específico da Apple) e já está disponível. Para usá-la, é necessário baixar o App de uma adquirente como Stone, InfinitePay ou PagSeguro, para citar apenas algumas, além de possuir um celular compatível com a tecnologia. As transações são seguras, custam o mesmo que nas maquininhas e o recebimento das vendas ainda pode ser antecipado.
Uma facilidade a mais e uma preocupação a menos na dura vida do empreendedor no Brasil.
Mudando do POV do empreendedor para o do consumidor, a solução vai fortalecendo a experiência das transações on-line ao permitir que cartões de débito ou crédito sejam usados para pagar compras por aproximação usando o seu próprio celular.
Foi exatamente isto que você acabou de ler. Ao invés de digitar os números do seu cartão na tela do seu celular, você apenas irá aproximá-lo do seu próprio aparelho e estará feita a transação. Um exemplo disso é a recente iniciativa de bandeira Visa em colaboração com a Symbiotic, que certifica a solução, e a Ingresse, plataforma de venda de ingressos atuante na América Latina.
É um piloto que será expandido gradativamente, mas a experiência vai dar o que falar já que introduz o pagamento por aproximação no mundo do comércio eletrônico e poderá alavancar ainda mais um crescimento que já é exponencial.
É por essas e outras que, quando projeto o impacto da combinação entre as inovações que já conhecemos e as que ainda estão por vir, tanto na criação de serviços e modelos de negócios, como também na riqueza da experiência do consumidor, me deixo dominar pela empolgação, otimismo e vontade de fazer, tal qual uma criança despertando para um novo dia.