A trajetória do Risco

O leitor amigo sabe que o risco se modifica ao longo do tempo e, independente de ações positivas ou negativas, continua a permear o nosso cotidiano. O mundo que hoje conhecemos A.G. e D.G. (antes e depois do Google) somente chegou ao estágio atual pela coragem do homem de assumir riscos e desbravar novos horizontes.

Um exemplo claro, muito bem colocado por um antigo colaborador da Credicard, Mário Li, é a de uma estrada toda esburacada onde acidentes de veículos ocorrem a todo o momento. A prefeitura local, preocupada com o fato, resolve pavimentá-la e a pista se transforma num tapete, assim, acredita, o risco de acidentes está resolvido. Puro engano, os motoristas, passam a desenvolver maior velocidade e, consequentemente, novos acidentes, até de proporções mais graves, passam a acontecer.

Uma ação positiva (a pavimentação) gerou um risco diferente e, eventualmente mais danoso à situação já existente. Imaginem então, ações involuntárias, porém negativas…

Um outro exemplo, este proporcionado no magnífico livro de Peter L. Berstein, Desafio aos Deuses – A Fascinante História do Risco, é a do cientista que desenvolveu o foguete Saturno 5, que lançou a primeira missão Apolo à lua, que afirmou: “você deseja uma válvula que não vaze e faz todo possível para desenvolvê-la. Mas no mundo real só existem válvulas que vazam. Você tem de determinar o grau de vazamento que pode tolerar”.

Em outras palavras, você precisa decidir e entender qual o limite de risco que pode assumir sem comprometer a sua operação.

No exemplo da estrada esburacada, o risco pode ser minimizado com medidas compensatórias, como instalação de radares, lombadas e outras que, associadas, tendem a reduzir o número de acidentes e trazê-los para patamares aceitáveis.

O papel do gestor de risco é exatamente este, entender o momento atual, as transformações, o impacto de determinadas ações e como diferenciar entre assumir um risco e cometer uma insanidade. Pilotar um veículo a 250 km/h no autódromo de Interlagos é um risco assumido; fazer a mesma coisa na Avenida Paulista é uma insanidade.

A partir deste entendimento (grau de risco X oportunidades X controles compensatórios) fica mais palatável administrar um negócio sem excesso de sobressaltos.       

Alan Greenspan, ex-presidente do Federal Reserve Board, declarou em 1994: “A disposição em assumir riscos é essencial ao crescimento de uma economia de livre mercado…se todos os seus poupadores e intermediários financeiros investissem em ativos livres de risco, o potencial de crescimento das empresas jamais se realizaria”.

Até a próxima!                                                                                          

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